Desenvolvido em 1980 pelos pesquisadores Crawley e Goodwin, o modelo da transição claro-escuro constitui-se de uma caixa contendo dois compartimentos, um escuro e um iluminado, interligados por uma abertura divisória, tendo sido inicialmente desenvolvido para avaliar os efeitos ansiolíticos de drogas benzodiazepínicas. O paradigma claro-escuro é baseado em uma situação de conflito, sem que haja a presença de um estímulo punitivo. O conflito se dá entre a tendência natural dos animais a explorar e a tendência inicial de se esquivar do que não é familiar (neofobia). O comportamento aversivo dos animais é produzido neste modelo pelos estímulos estressores moderados “ambiente novo” e “iluminação”.
O procedimento, geralmente empregado no teste da transição claro-escuro, consiste em colocar o animal, individualmente e por um determinado período de tempo (geralmente de 5 minutos), no lado claro do modelo, intensamente iluminado, com a cabeça voltada para a porta divisória. Após a primeira entrada do animal no compartimento escuro, são registrados os seguintes parâmetros: tempo total de permanência em cada um dos compartimentos (claro e escuro), número total de transições entre os dois compartimentos e o tempo que o animal levou para entrar pela primeira vez no lado escuro do modelo. Considerando que locais altamente iluminados representam uma ameaça natural aos roedores, que são animais de hábitos noturnos, eles possuem a tendência natural de passar mais tempo no lado escuro do modelo.
Quando tratados com drogas utilizadas na clínica para o tratamento da ansiedade, como os benzodiazepínicos, os animais acabam passando significativamente mais tempo no compartimento claro do modelo, quando comparados aos animais controles. Portanto, o parâmetro tempo total no compartimento claro pode ser considerado um índice forte e reprodutível do nível de ansiedade. De fato, os autores do trabalho inicial realmente relataram uma facilitação dose-dependente da atividade exploratória entre os dois compartimentos após a administração de drogas benzodiazepínicas.
Muitos autores têm utilizado versões modificadas do modelo inicial. Tais modificações podem ser de natureza estrutural, tal como alterações no tamanho da caixa, adição de um túnel entre os dois compartimentos, ou adição de um sistema computadorizado de coleta das informações. Outras alterações também têm sido utilizadas, desta vez nos tipos de parâmetros utilizados como índices de ansiedade. Neste sentido, alguns autores relatam o tempo de permanência no compartimento claro do modelo como sendo a medida capaz de fornecer um índice relativamente seguro de ansiedade, enquanto que a medida do número de transições entre compartimentos estaria correlacionada à atividade motora dos animais.
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO
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